quarta-feira, 10 de outubro de 2012

IS0 26000 UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL ?

IS0 26000 UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL ?   
                     Jonas Leandro Flores


Muito se tem avançado mundialmente em termos de Responsabilidade Social.

Hoje é muito mais comum do que há 10 anos atrás falar em Responsabilidade

Social, Sustentabilidade, consumo consciente, envolvimento com projetos sociais,

ainda bem. A responsabilidade social é reflexo de uma sociedade [que é ou

pretende ser mais] madura, pois sua origem está baseada no campo da ética e,

portanto, também no campo dos valores e dos comportamentos das pessoas,

objetivando uma mudança de atitude. É um movimento novo, mas que ganha

impulso e novos adeptos a cada dia.

Um dos grandes avanços nessa contribuição, sem dúvida, foi a criação da

ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social, uma norma internacional que

pretende promover uma aliança estratégica com os principais setores da sociedade

civil e promover a inclusão social, a promoção da cidadania, a preservação

ambiental e a sustentabilidade do planeta.

O Brasil tem se destacado como protagonista na elaboração da norma em

parceria com a Suécia ao compor o grupo que elaborou a referida norma. No Brasil

foi aprovada a ABNT para acompanhar a implementação, aperfeiçoamento e

melhorias. Diferente de outras normas da ISO que tem o propósito de certificar, a

nova ISO 26000 não se propõe à certificação. Segundo declaração à Revista

Filantropia, a representante do setor industrial do grupo de trabalho da Norma, Ana

Grether, afirma que “hoje, a sociedade está cada vez mais crítica e exigente, e não é

mais a certificação que garante o reconhecimento das empresas1“.

Aí está o grande diferencial da norma: primeiro será para todas as

organizações (e não só as empresas), o desafio de promover um entendimento

sobre os princípios de Responsabilidade Social, acerca dos pontos principais da

norma. Destacaremos os princípios da norma e alguns pontos importantes que

constam nela: Governança Organizacional (transparência, conduta ética), Direitos

Humanos (princípios de não discriminação baseados nos direitos humanos, Direitos

civis e políticos, Sociais, Econômicos e Culturais), Práticas de trabalho (emprego e

1 Grether, Ana Paula. Revista Filantropia & Gestão Social Edição 53, Jul/Ago 2011, p.36

relações empregatícias, condições de trabalho e proteção social, diálogo social),

Práticas Operacionais Justas (medidas anticorrupção e anti-propina, envolvimento

político responsável, competição leal, promoção da Responsabilidade Social através

da cadeia de fornecedores e respeito pelo direito de propriedade), Meio Ambiente

(Responsabilidade Ambiental, uso de tecnologias ambientalmente amigáveis;

promoção do consumo e produção sustentável: eco-eficiência, eco design,

tecnologias limpas e ciclo de vida; Valorização de Ecossistemas, Combate a

Mudança Climática e Biodiversidade), Questões dos Consumidores (práticas leais de

negócio, marketing e informação, proteção da saúde e segurança dos

consumidores, mecanismo para Recall, provisão e desenvolvimento de produtos e

serviços socialmente e ambientalmente benéficos, serviços pós consumo e

resolução de disputa, proteção de dados – privacidade – do consumidor, Consumo

Sustentável, Educação e Conscientização) e por fim o Desenvolvimento Social

(contribuição em três esferas: Social, Econômico e Envolvimento comunitário).

Vendo todos esses elementos e sua complexidade ante todos esses

princípios, ações e práticas comportamentais, fica claro que uma certificação

somente não traz todos os elementos necessários a essa mudança de paradigma.

São necessários princípios e ações como as regradas pela norma ISO 26000 que

poderão contribuir e muito no cenário brasileiro de desigualdade e frente a suas

graves questões sociais e culturais que, historicamente alimentam uma prática de

corrupção, que vai desde o tão popular “jeitinho brasileiro”, que se concretiza no

cotidiano, desde o ato de ‘furar a fila’ ou receber um troco errado e ficar quieto, até

os crimes de colarinho branco envolvendo políticos ou empresários em seus altos

postos públicos ou privados. Essa mudança é cultural, de paradigma, e portanto,

lenta, no mesmo compasso que foi elaborada a ISO 26000 onde era previsto 3 anos,

como as outras normas, levou 5 anos.

Um grande e poderoso aliado na consecução e perseguição dos objetivos da

ISO 26000 e seus princípios poderá ser a internet. A rede mundial de computadores

pode ser uma grande aliada na transparência de ações, na concretização dos

comportamentos, na prestação de contas, tomadas de decisão e também no

relacionamento com a sociedade num fenômeno recente que, apesar de virtual,

causa impactos reais: as redes sociais. Há um grande otimismo com a nova norma

no cenário internacional. No Brasil há uma receptividade positiva já na atual etapa

de divulgação.


Jonas Leandro Flores
Grupos de Estudos em Responsabilidade Social e Sustentabilidade ABRH

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